De pé no Museu de Arte Contemporânea de Lima

Museu de Arte Contemporânea de Lima (foto © Tony Dunnell)
Depois de cerca de 20 minutos a examinar duas colecções em duas pequenas salas do Museu Contemporâneo de Lima, perguntei onde poderia encontrar o resto da coleção. "É isso", respondeu-me um funcionário sorridente, "é tudo".
"E a coleção permanente?" perguntei. "Oh, está em rotação, estará de volta em agosto", disse ela.
Bem, isso não é muito permanente, pois não? pensei eu. Sorri e deixei o bonito edifício moderno e os seus jardins bem cuidados, e voltei a percorrer os meus passos desde os limites de Barranco, onde se situa o Museo de Arte Contemporáneo (MAC Lima), até Miraflores.
Hmph. Que desilusão. Foi como ir a um encontro numa galeria de arte, mas a arte deixou-me pendurado.
O bastião da arte moderna de Lima há muito esperado
Foi uma longa, longa espera para que a capital culturalmente progressista do Peru reivindicasse um museu de arte moderna condizente com o estatuto da cidade. Tão longa, de facto, que o museu de arte contemporânea de Lima, inteiramente fictíciode Lima, o LiMAC, teve de preencher a lacuna, apontando discreta e inteligentemente a ausência de um museu real.
Depois, em 2013, Lima recebeu finalmente o seu Museo de Arte Contemporáneo (www.maclima.pe), um edifício brilhante, branco e reluzente na Avenida Grau, mesmo em frente a Miraflores, na margem norte de Barranco.
Tem bom aspeto. Tem mesmo. Há um relvado bem cuidado que se inclina suavemente até às paredes brancas do edifício, com fachadas de vidro, e um punhado de árvores para quebrar as linhas rectas da modernidade.
Tem bom aspeto. Tem mesmo. Mas parece que alguém, algures, se esqueceu de lembrar aos curadores do museu que devem encher o seu museu de arte com arte.
Foi assim que, no dia 7 de junho de 2016, por volta das 10 horas da manhã, entrei no Museu de Arte Contemporânea de Lima. Passei por uma sala colorida, repleta de caricaturas divertidamente políticas desenhadas pelo espirituoso cartoonista argentino Liniers. Foi divertido. Passei depois para uma segunda sala, a cinco metros de distância, que continha uma instalação chamada Separación, dos artistas Roxana Artacho e Héctor Mata. Esta apresentava, no centro da sala, uma parede considerável de tijolos de barro com uma abertura. E um par de vídeos e algum ruído. Cinco minutos.
Foi então que saí à rua para me informar sobre a localização da exposição permanente, que me tinha sido levada a crer (pelo site do museu) que continha artistas como Fernando de Szyszlo, Salvador Dalí e Joan Miró, ou pelo menos artistas de igual talento e aclamação.
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Foi nessa altura que tudo se desmoronou, por assim dizer. Nenhuma exposição permanente. Nada mais do que duas salas, uma com caricaturas argentinas engraçadas e outra com uma parede com um buraco.
Grandes esperanças: frustradas. O que é uma pena, pois Lima merece - e precisa - de um museu de arte contemporânea de nível mundial.
Se a entrada tivesse custado mais de S/.6, eu teria sido mais crítico. Como está, só posso dizer que o Museo de Arte Contemporáneo de Lima não vale a pena visitar atualmente (espero mudar de opinião no futuro), a não ser que haja uma exposição temporária que lhe interesse particularmente.
Ou até que alguém recupere a coleção permanente...

Quadros do cartoonista argentino Ricardo Liniers Siri no MAC Lima (foto © Tony Dunnell)

Separación de Roxana Artacho e Héctor Mata (foto © Tony Dunnell)
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